RESENHA – O DILEMA DO PORCO ESPINHO COMO ENCARAR A SOLIDÃO
O ano é 2020, o mundo em crise e eu também. Por sorte em um desses restaurantes a beira da estrada entre idas e vindas, acabei encontrando esse livro que a tempos desejava. Bom, dispensamos apresentações do escritor. Karnal começa o livro com a metáfora de Arthur Schopenhauer, que em um de seus textos, o filosofo descreve um comportamento intrigante dos porcos espinhos, no inverno a espécie tem uma dificuldade enorme em aquecer-se junto ao seu par, pois ambos machucam-se pelos espinhos, então afastam-se e em seguida aproximam-se novamente, e esse processo repete-se … again
Apesar do título “… como encarar a solidão”, adianto-lhe que este não é um manual de como deixar de ser sozinho.
Esta talvez seja uma das melhores metáforas para explorarmos as relações sociais. Pensando no dilema do porco espinho, a pergunta que nos resta é, qual a distancia/medida suficiente para com o outro que devemos estabelecer para não ferirmos ou sermos feridos por alguém ? Como bem citado no livro o pensamento de Sartre, “o inferno são os outros”, e isso acaba me lembrando uma musica, Pra ser feliz – Nx Zero “… Entender que o mundo tá cheio de gente. Mas nem todo mundo é igual a gente”.
Pois bem, a ideia central é refletir sobre a solidão. O livro é muito rico em referencias, Karnal usa de eventos históricos, religiosos, filósofos, literatura, cinema, artes e musica para representar a solidão de diversas faces e exaustivamente é claro, a solidão a dois. O texto nos oferece uma nova percepção de solidão, a qual vamos chama-la de “solitude”, o lado bom da solidão, afinal que mal há em estar sozinho ? De fato nenhum, mas nossa tendência é julgar aquela pessoa que esta jantando sozinha em um restaurante em pleno sábado, pobre coitado. Assim disse Lord Byron “Na solidão é quando estamos menos sós”, e de fato faz todo sentido, e assim o livro termina justamente com uma pergunta, “Se você não se suporta, quem conseguira fazê-lo ?”
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